Adriano, tal qual Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Kaká – todos
remanescentes do malfadado “quadrado mágico” de 2006 – deveriam estar curtindo
o ápice da vida esportiva, com uma ou duas Copas na bagagem, prestígio mundial
e muita grana no bolso.
De 2006 para cá, entretanto, não ganharam nada pela Seleção
Brasileira, perderam prestígio e, se isso consola, levantaram um bom troco. Mas
não vingaram.
Sobre Ronaldinho, já disse o que penso alguns textos abaixo (Ronaldo e as 32 Primaveras); Robinho virou performer; Kaká perdeu o traquejo de jogador, como um Mangalarga Marchador que desaprendeu a marchar; e Adriano voltou a ser criança.
Pensem bem: só uma
criança faz o que quer, à hora que quer e quando quer. O adendo é que Adriano é
uma criança que não sabe o que quer, daquelas que choram sem saber por que.
Mas quem desacreditaria uma criança; um ser com tanto futuro
e tantas possibilidades?...
Vem daí, desse sentimento maternal que a torcida do
Flamengo tem pelo Imperador, sua única e derradeira oportunidade para entrar
para a história. Sim, porque se o sentimento fosse paternal, esse moleque já
teria tomado umas bifas e ido trabalhar no balcão do Mac Donald’s para largar
de ser trouxa e folgado. O que ele quer, afinal: disputar o Carioca de 2013
pelo Madureira?
Ou será que o vislumbre do abismo, enfim, lhe abrirá os
olhos? Será que o Impera se tocou que a corda já esticou para muito além do
que podia? E, por Deus(!), será que ele não enxerga seu clube de coração lhe fazendo
cortesia em praça pública, como é do feitio de todo tolo apaixonado, enquanto
clubes de todo o mundo zombam de sua história e tradição? Será que ele não vê
que tem muito nego, como o pobre Zinho, colocando o seu na reta por conta dele?
Será? O que será que será? - (não resisti ao trocadilho...)
Para quem viu aquele gorducho desajeitado – motivo de
galhofa do próprio torcedor rubro-negro até sua comemorada saída para a Itália,
há 10 anos – se transformar no principal centro-avante do mundo, chegando mesmo
a destronar o Fenômeno a partir de meados da década passada, vê-lo nessas
condições de pura melancolia e desnorteio causa dor.
E não falo da dor que o torcedor sente por ver seu ídolo na
sarjeta, mas da dor de alguém que enxerga naquele sujeito grande e gracioso um
ser humano angustiado que necessita de muito mais que uma mera advertência
profissional.
O tempo das desculpas já se foi, como escreveu José Ilan,
após cobrir a entrevista coletiva na qual um constrangido Adriano dava
explicações. Nem mesmo o jogador acredita mais em suas próprias palavras.
foto: joão sassi
local: jijoca -ce
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