Hermanos colombianos na mira do Brasil. |
A Copa do Mundo começou!
Cá entre nós, gente do metiê, essa tal “fase de grupos” só
serve aos anseios políticos da FIFOTA, para fazer de conta que todo mundo
participa da festa e angariar votos. Findadas as preliminares, porém, chegamos
aos finalmentes, a fase mais gostosa, que dá aquele friozinho na barriga e um
comichão na bexiga, fazendo a machaiada segurar o piu-piu e a mulherada apertar
o xibiu.
É quando o cidadão não consegue ir à geladeira buscar uma
gelada ou sequer ir ao banheiro dar aquela aliviada. É quando aparece a mãe, a
tia, o cunhado, a irmã, o primo e mais uma porrada de gente que nunca se reuniu
para ver um jogo, e que agora, juntos, torcem como loucos pela Seleção. É o gol
que arrebata, é o empate que maltrata, é a bola no travessão que quase mata, enfarta.
A família volta a ser a célula-mater da Pátria e, como num
estádio, quem não tem afeição ou intimidade já se abraça, vibra, pula, fibra! É
o abraço suado, embriagado, o calor de quem a gente gosta, ou nunca gostou. Mas
é por uma boa causa; é pela alegria. Não com “muito orgulho e muito amor”, mas
por amor verdadeiro, por inteiro. Vontade de olhar nos olhos, de gritar, chorar
e sorrir juntos. Quase sexual. Vontade nacional.
É tempo de Copa! É tempo de corpo. De pegação de línguas; de
línguas úmidas, molhadas, enroladas. É tempo de união entre os povos. Tempo de
celebração, confraternização, emoção. É tempo de Copa, pôrra!
Não dá para perder o bonde e deixar a vida passar porque a
banda não toca do jeito que você quer. Se solte! Se deixe! Largue de dureza,
hômi! É mês de festa, de São João, quadrilha, Lampião! Se avexe, caba, porque é
mês de Copa e ela está ali, piscando pra você, como cavalo encilhado, como uma
moça, um afago, um gol escancarado.
Se o Diabo mora ao lado e patrocina o rebolado, se benza e
tome banho de ervas para tirar o mau-olhado, mas não se vingue do que nos é tão
adorado. Não guarde mágoas do amigo alienado, baba-ovo do Galvão e tiete do
Felipão. Releve. Esqueça. Esmoreça e aqueça o coração. É tempo de Copa, meu
irmão!
É tempo de uma energia que não rola toda hora. Não faz
sentido ser tão rígido, intransigente, brigalhão. É tempo de Copa, cara! Do
sofrimento desnecessário, angustiante, redentor. É tempo de vitória suada, nos
pênaltis, nos acréscimos, inesperada. Tempo de vitória sofrida. Tempo de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário